Salmo 87(88)
Prece de um homem
gravemente enfermo Esta é a vossa hora, a hora do poder das trevas (Lc 22,53).
–2 A vós clamo, Senhor, sem
cessar, todo o dia, * e de noite se eleva até vós meu gemido. –3
Chegue a minha oração até a vossa presença, * inclinai vosso ouvido a meu triste clamor!
–4 Saturada de males se encontra a minh'alma, * minha vida chegou junto às portas da morte. –5 Sou contado entre aqueles que descem à cova, * toda gente me vê como um caso perdido!
–6 O meu leito já tenho no reino dos mortos, * como um homem
caído que jaz no sepulcro, – de quem mesmo o Senhor se esqueceu para sempre * e excluiu por completo da sua
atenção.
–7 Ó Senhor, me pusestes na cova mais funda, * nos locais
tenebrosos da sombra da morte. –8 Sobre mim cai o peso do vosso furor,
* vossas ondas enormes me cobrem, me afogam.
–9
Afastastes de mim meus parentes e amigos, * para eles tornei-me objeto de horror. – Eu estou aqui preso
e não posso sair, * 10 e meus olhos se gastam de tanta aflição.
–
Clamo a vós, ó Senhor, sem cessar, todo o dia, * minhas mãos para vós se levantam em prece. –11 Para os mortos, acaso, faríeis milagres? * poderiam as sombras erguer-se e louvar-vos?
–12 No sepulcro haverá quem vos cante o amor * e proclame entre os mortos a vossa verdade?
–13 Vossas obras serão conhecidas nas trevas, * vossa graça, no reino
onde tudo se esquece?
–14 Quanto a mim, ó Senhor, clamo a vós na
aflição, * minha prece se eleva até vós desde a aurora. –15 Por que
vós, ó Senhor, rejeitais a minh'alma? * E por que escondeis vossa face de mim?
–16 Moribundo e infeliz desde o tempo da infância, * esgotei-me ao sofrer sob o vosso terror. –17 Vossa ira violenta caiu sobre mim * e o vosso pavor reduziu-me a um nada!
–18 Todo dia me cercam quais ondas revoltas, * todos juntos me assaltam, me prendem, me
apertam. –19 Afastastes de mim os parentes e amigos, * e por meus
familiares só tenho as trevas!
|